O Casamento da Prima Vera





Os nomes em maiúsculas ref. a Tempo, Datas e Fenômenos Atmosféricos

Era uma SEXTA-FEIRA, já passava de MEIO-DIA quando os primeiros parentes chegaram. Tio JULHO e tia PÁSCOA vieram do Rio de JANEIRO para o casamento. SEGUNDO os comentários dos familiares os dois não estavam vivendo muito bem. Tio JULHO era mulherengo e tia PÁSCOA andava triste por estar sendo vítima de traição. Ela prometeu que uma HORA ela ia dar um jeito nisso.  O filho deles, primo AGOSTINHO, não quis se envolver, o que eu achei correto, pois o problema era dos velhos, não dele.
Durante a TARDE e parte da NOITE foram chegando os demais parentes. Afinal a PRIMA VERA ia se casar com NATAL, filho do maior comerciante da região: SETEMBRINO Pereira, dono da maior cadeia de padarias da região, muito famosa pelo seu Pão de MINUTO.
Quando tia AURORA chegou, foi uma comoção geral, por que o marido dela tio Antonio havia se suicidado a menos de um ano.  Ele tinha o apelido de TEMPESTADE porque em tudo ele criava caso, vivia fazendo “TEMPESTADE em copo d’água”, como dizia Nona Cinzia. Por isso o apelido! Ele foi à falência com um supermercado, deixando tia AURORA sem nada, apenas com a casa que era dela de herança dos pais e com a aposentadoria de professora, além da dívida impagável dele.
A comoção foi por que o primo DOMINGOS, irmão da PRIMA VERA, estava engajado no movimento SETEMBRO Amarelo de prevenção ao suicídio e tinha cartazes, folhetos e banners espalhados pela casa, que ele ia distribuir durante a SEMANA! Não deu TEMPO de esconder e quando ela viu a alusão ao suicídio caiu num choro sentido, até passou mal! DOMINGOS ficou desolado e se desculpou muito com todos!  Enfim, depois que a parentaia toda se acomodou, fomos todos dormir, apenas alguns tios que não se viam há MESES ficaram acordados até a MADRUGADA. 
O DIA seguinte foi um verdadeiro caos!  Logo ao NASCER DO SOL começou o corre-corre, gritaria, choradeira, gargalhadas...A MANHÃ começou com muito CALOR, que foi até a hora do almoço. No começo da TARDE, deu uma VENTANIA e com o VENTO veio a CHUVA, que virou GAROA, depois veio o FRIO. As mulheres com seus vestidos chiques, sem costas, decotados, de tecidos finos tremeram de FRIO na igreja. Só melhorou um pouco para elas na recepção, pois o salão estava lotado e ficou um pouco QUENTE, o que aliviou o lado delas!
Também tinha um conjunto tocando música ao vivo e o pessoal começou a dançar o que esquentou a todos. E começaram a beber...
Aí começou a palhaçada!
Tio SABATO, irmão mais novo da Nona, alcoólatra, que fazia uma DECADA que parara de beber, fez a besteira de começar o brinde aos noivos com: “só um golinho de champanhe”. Rá, o golinho virou um golão, uns copos e vinho, uísque, cerveja...o homem era uma esponja. A mãe do noivo, dona Marta, estava com um vestido longo amarelo como o SOL, e estava conversando com o pessoal de uma mesa perto da Nona, quando tio Sabato veio cambaleando, com um copo de vinho na mão, para falar alguma coisa para a irmã. O maluco enroscou o pé no vestido da dona Marta e para não cair em cima da Nona, segurou no vestido da mulher levando a coitada para o chão atrelada nele e rasgando seu vestido!
O copo de vinho saiu voando e foi cair no colo de uma tia Luana que estava com um vestido todo branco, [não é preciso dizer o que aconteceu com o vestido! ]
A Nona caiu na gargalhada, [nunca vi a Nona tão feliz] e chacoalhava tanto que caiu da cadeira. Tentou se segurar na toalha da mesa e com isso derrubou as garrafas de cerveja, vinho, coca cola e os pratinhos com bolo e salgadinho, esparramando essa mistura no colo da mamãe, do papai e do Nono.
Alguém ajudou dona Marta a levantar e tio SABATO desfiando “scuse” tentando segurar dona Marta pelo ombro, deu de cara com o marido dela, furioso!
O marido da dona Marta, SETEMBRINO, partiu para cima do tio SABATO como um FURACÃO, pegou titio pela gravata e deu-lhe um safanão. Bêbado como um gambá ele nem sentiu a pancada, mas cambaleou de costas e foi se chocar com a mesa onde estava o bolo da noiva.
Ele virou o corpo e tentou pegar o bolo que estava caindo, mas acabou de empurra-lo na direção da noiva e do noivo. O bolo era alto e tombou na direção do rosto da noiva, mas, NATAL se jogou na frente da noiva para protege-la e o bolo explodiu na sua cara. PRIMA VERA vendo o marido com a cara cheia de bolo, igual aquelas comédias pastelão do cinema, não resistiu e caiu na gargalhada. NATAL que era gente boa, olhou sua mulher rindo e também caiu na gargalhada, apesar da cara cheia de bolo. Tio SABATO continuou sua marcha desastrada e foi se chocando com outras mesas, derrubando garrafas, copos, sempre dizendo “scuse”!!  A Nona passou mal de tanto rir e tiveram que levá-la para deitar num sofá em outro lugar. O salão virou um pandemônio, gente tentando levantar um, acudir outro. Nessas alturas vários convidados estavam de “cara cheia” e houve mais desastres, tropeções, enfim... Quando tudo deu uma acalmada, PRIMA VERA foi ao microfone, ainda às gargalhadas, pediu desculpas a todos e disse que tinha sido o dia mais feliz da vida dela e o mais divertido. No final foi aplaudida. Todos ficaram numa boa, mesmo dona Marta, e tia Luana que tiveram seus vestidos detonados! Esse foi o melhor casamento que eu fui. Deus abençoe minha linda e divertida família, PRIMA VERA, a Nona e o tio SABATO!!


[João Libero]

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